sábado, 20 de fevereiro de 2010

Golaço em Paris

Se tem algo que acredito fazer bem, é negociar. Desde moleque, ao comprar em determinados locais, negocio. Faço pelo prazer da negociação, e não somente para obter o resultado esperado. Realmente acredito que a estrada é mais interessante que o destino – em todos os casos.

Pois bem. Final do ano comecei a visitar concessionárias para trocar de carro. Em cada uma delas (de quase todas as montadoras), negociei o valor que pagariam no meu antigo veículo, no desconto que receberia na compra de um novo, quais documentos que receberia de cortesia, bem como opcionais gratuitos. Optei com um modelo da Citroen, e o comprei nas ultimas semanas do ano. Com todos os opcionais e o valor que a concessionária havia pago no antigo carro, estava satisfeito com o negócio.

Duas semanas depois, ainda feliz, vejo a propaganda da Citroen informando que na compra de um de seus carros o consumidor ganha uma viagem à Paris. Amigos, num café, chamavam minha atenção do azar que tive. Azar? Neste momento tive mais uma vez a prova da força de uma comunicação bem feita. Afinal, a menos que eu já pensasse em passar alguns dias de 2010 em Paris, a campanha não me oferecia vantagens grandes e reais.

Ela premia o comprador do veículo com uma passagem classe econômica com saída de São Paulo ou Rio de Janeiro para Paris - incluindo a volta. Se você for de outro estado, deve cuidar de sua locomoção até o aeroporto de uma destas cidades. Somado a isso, deve se preocupar com a hospedagem, alimentações, possíveis passeios e, se não quiser ir sozinho, comprar uma passagem para o seu acompanhante.

Assim sendo, caso eu já não tivesse os planos de visitar Paris, esta viagem não programada se tornaria bastante cara. Ou seja: racionamente, para quem não pretendia viajar a Paris, uma bela negociação de descontos e inclusão de opcionais do veículo ainda é vantagem. Mas... O consumidor nota isso?

Sim, nota. Em pesquisas qualitativas realizadas nos últimos meses de 2009, quando perguntávamos aos grupos pesquisados se bons prêmios, para eles, seriam viagens para a Copa do Mundo de Futebol, ou descontos no valor do produto, a segunda opção era sempre a preferida. Isso se deve aos custos normais que uma viagem oferece, bem como a dificuldade em sair do país a qualquer hora, ou documentações a providenciar.

Não digo, assim, que a Citroen não tem uma ótima campanha e um argumento de vendas melhor ainda, pois ela tem. Esta campanha, a meu ver, é um golaço. Seu prêmio conversa com a história do produto, e trás charme a ele. E claro, tem uma super força para comunicar. No entanto, como consumidores, devemos sempre analisar as propostas. Afinal, nem sempre as grandes propostas casam com o que precisamos no momento.

::: joao.riva@pensandoopdv.com.br

Um comentário:

  1. caceta. no meio do texto achei que Johnny Riva iria levantar do sofá, ir até uma concessionária citröen e exigir: Je veux aussi mon billet pour Paris! ahhhhhhhhh :(

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