segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Os mesmos de sempre. Oba!

Há algumas semanas estava num curso sobre o Comportamento do Shopper e uma discussão me chamou a atenção: o quanto nós, como consumidores (antes disso, humanos) somos preguiçosos e medrosos. Muitas vezes temos preguiça de pensar (informações prontas são sempre bem vindas) e medo de errar. Alias, medo do erro é algo tão estudado, que Keller desenvolveu os Riscos de Produto, que já utilizei em planejamentos de campanhas de degustação para ganhar concorrência – muitas deram certo e ganharam.

A verdade é que, antes de sermos consumidores – como dito, somos humanos. É mais fácil deixar as novas experiências para depois, deixando de correr os riscos que qualquer novidade nos oferece. Daí vem o questionamento lógico, surgido no curso: por que, entre os aproximadamente 12 mil bares e restaurantes de São Paulo, costumamos ir sempre nos mesmos 5 ou 6? Certamente, como debatemos, existem outros muito melhores que os que freqüentamos, e ainda assim vamos sempre naqueles.

Claro, devemos isso ao nosso medo e preguiça. Medo de ir até um restaurante, pedir um prato ruim e pagar o que ele não vale. Existe algo melhor que ir ao restaurante de sempre, sentar na mesa de sempre, ser atendido pelo garçom bigodudo de sempre, pedir o prato de sempre e pagar o valor de sempre? Claro que é bom arriscar de vez em quando. Mas só de vez em quando, né?

Sabe aquele dia em que estamos atrasados e temos que comer rápido? Melhor ir no de sempre, já que sabemos que o atendimento é rápido. E quando estamos com uma garota nova? Melhor ir no de sempre, pois sabemos que o clima é bacana. E quando chega o fim do mês e o dinheiro dentro da carteira se torna um passado distante? Melhor ir no de sempre, pois sabemos qual prato tem um preço mais convidativo. Mais fácil.

Mas isso também é bom para nós, profissionais do varejo. Pois se São Paulo é, além da terra da garoa, a terra das tribos, fica mais fácil desenvolver o plano de ataque de cada campanha. Temos a galera mais descolada na Augusta, os moderninhos na Vila Madalena, os mais casuais na Pompéia, e assim por diante. Melhor! Podemos identificar nosso público pelos restaurantes que freqüentam. Mais fácil chegar a eles.

É aproveitar uma fragilidade humana para o sucesso de uma comunicação dirigida.

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joao.riva@pensandoopdv.com.br

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