segunda-feira, 1 de março de 2010

Pesquisas Parciais

De vez em quando minha namorada me chama com duas opções de camisetas na mão, perguntando qual delas melhor combina com a calça que está usando. Minha primeira sensação é sentir o corpo gelado, pois sei que a partir daí podem acontecer duas coisas: ela adorar ou odiar minha resposta. Se calhar de cair a segunda opção, vem ai uma longa explicação sobre moda. Isso porque, muitas vezes, ela já tem a resposta antes mesmo de perguntar. Pergunta, talvez, apenas para ter uma segunda opinião. Posso estar até mesmo generalizando, mas em conversas com amigos, vejo que passam pelo mesmo.

Isso é normal em qualquer tipo de pesquisa. Normalmente, ao formatar uma, o pesquisador já tem até mesmo a idéia do resultado que terá (claro, muitas vezes é surpreendido por conta disso). O problema, porém, é quando o pesquisador, mais que aguardar uma determinada resposta, nos induz a ela. Já passamos por isso, não é? Comigo, a ultima vez foi na semana passada.

Fui jantar com a namorada (sim, a que me coloca na sinuca das roupas de vez em quando), e ao pedir a conta recebi, junto com ela, uma mini pesquisa com apenas uma pergunta a responder: o que achou do restaurante. Abaixo do tópico, três opções a escolher, sendo elas: EXCELENTE, BOM e REGULAR. Procurei, em todo folheto as opções RUIM e PÉSSIMO, mesmo que não fossem as que escolheria. Ora, se o objetivo do restaurante é ser avaliado, que seja imparcial. Quando temos a opção BOM, precisamos ter o RUIM. Quando temos o EXCELENTE, precisamos ter o PÉSSIMO. Neste caso, por pior que tenha sido o serviço do restaurante, o entrevistado poderia no máximo optar por um REGULAR (a mesmo que desenhasse um quadradinho para o RUIM ou PÉSSIMO).

O que me pergunto é o motivo do proponente da pesquisa querer enganar a si próprio. Se tem receio de receber um RUIM ou um PÉSSIMO, é porque não está preparado para uma pesquisa. Ainda assim, se prefere seguir em frente, é fundamental que entenda que esta pesquisa dará APENAS um pequeno cheiro de como os freqüentadores do seu estabelecimento o enxergam.

Não tem jeito. Se é para fazer algo, que se faça direito. As perguntas tem que ser objetivas, específicas e em quantidade que ofereçam a oportunidade do entrevistado ser entendido. Ainda com isso pensado, é fundamental que se entenda o momento em que a pesquisa está sendo respondida, e que as opções de resposta sejam justas. Por fim, ter uma quantidade de pesquisados que tornem a pesquisa mais precisa. Como dizem nossos avós, para ter um omelete é preciso quebrar os ovos.

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joao.riva@pensandoopdv.com.br

Um comentário:

  1. Pura verdade Riva, em muitos lugares as pessoas até fazem verbalmente este tipo de pesquisa, e esperam que nós sigamos a sua linha de raciocinio para que a nossa resposta seja agradavel aos seus ouvidos.
    e as vezes fazem de qualquer jeito, pouco importando a resposta.
    Uma verdadeira Inconstância consciente.

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